sexta-feira, 23 de novembro de 2018

O homem do presidente


Paulo Guedes foi o guru econômico de Bolsonaro durante as eleições e será seu ministro da Fazenda
Foto jornaldoempreendedor.com.br
Eduardo Saback

Jair Messias Bolsonaro, candidato a presidência eleito no último dia 28 de outubro, já assumiu publicamente mais de uma vez que não detém conhecimentos suficientes da área econômica e usou durante toda a campanha o economista Paulo Guedes como conselheiro para os assuntos da Fazenda.  Guedes até foi apelidado de Posto Ipiranga pelo futuro presidente por ser consultado o tempo inteiro pelo então candidato. Com o resultado das eleições, Guedes foi nomeado para assumir o novo ministério da Economia, que englobará as antigas pastas da Fazenda, Planejamento e Indústria. 
O economista tem doutorado na Universidade de Chicago, berço do pensamento econômico neoliberal, e foi professor na FGV e na PUC-RJ, no IMPA, além de ser sócio do Ibmec por 16 anos. Grande conhecido no mercado financeiro, foi um dos fundadores do Banco Pactual, trabalhou na JGP e sócio majoritário do grupo BR Investimentos, que foi incorporado pela Bozano Investimentos. 
Guedes, em entrevista ao InfoMoney, afirmou que irá propor medidas liberais para a economia brasileira. “Eu acho que, depois de 30 anos de social-democracia, vai haver uma aliança liberal-democrata, de centro, conservadores e liberais em torno de um programa liberal para a economia.”

Reformas e juros da dívida

Segundo o economista, 45% do PIB é gasto em contas do governo e boa parte dessa fatia são juros da dívida brasileira, por volta de R$ 4 trilhões. Ele afirma que ela não caiu do céu e que foi consequência da estratégia social democrática dos dois governos de FHC, os 4 mandatos em que o PT foi eleito.  Os juros que a União tem que pagar dessa dívida gira na casa dos R$400 bi. “R$400 bilhões é um plano Marshall (trazendo os valores aplicados para cotações atuais). O que foi usado para reconstruir a Europa inteira no pós-guerra o  Brasil usa todos os anos em juros da dívida.” Porém ele disse que não renegociará a dívida
Quanto à Reforma da Previdência, Guedes, em outra entrevista ao G1, afirmou que vai sondar o Congresso para tentar aprovar o texto proposto pelo presidente Michel Temer. “Do ponto de vista econômico, é extraordinário. É um bom fecho para o governo anterior, você desentope o horizonte de dúvidas e o Brasil já entra crescendo no ano que vem.” 
Porém, se o Congresso não apoiar a Reforma proposta por Temer, Guedes tem outra carta na manga: Nossa proposta é diferente. Ela é mais profunda, abre espaço, inclusive, para um enorme aumento do ritmo de empregos. [...] Precisamos trazer as futuras gerações brasileiras para um sistema previdenciário diferente. É um crime contra as futuras gerações continuar em um sistema de repartição". A nova proposta pensada por ele seria próxima a um regime de capitalização, onde o trabalhador deveria poupar para garantir a própria aposentadoria. No atual modelo, o benefício dos aposentados é garantido pela contribuição dos atuais trabalhadores. 

Privatizações

Em entrevista à Globo News em agosto, o então acessos econômico de Bolsonaro afirmou que era favorável à privatização de todas as empresas estatais, sem medo de ter rejeição no congresso. “Se os liberais democratas estiverem no governo, eles vão aprovar um plano de privatização.” Em outro momento da entrevista ele disse que o modelo de empresa estatal já se esgotou há 10, 15, 20 anos. “Só que a classe política se aboletou, aparelhou e não sai de cima. E está atrasando o desenvolvimento do Brasil, porque eles não investem, não têm capacidade de investimento e ao mesmo tempo é um monopólio público, o privado não consegue entrar.”
Além das privatizações, o liberal defende ainda a venda de imóveis que a União possui. Segundo ele, são “700 mil imóveis”que o Ministério da Fazenda tem só no Rio de Janeiro. 

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